terça-feira, 22 de julho de 2014

FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS

A química nos mostra as moléculas dos corpos inorgânicos unindo-se para  formar cristais de uma regularidade constante, de acordo com cada espécie, tão logo eles se encontrem nas condições necessárias. A menor alteração nessas condições é suficiente para impedir a reunião de elementos ou, pelo menos, a disposição regular que constitui o cristal. Porque não ocorreria o mesmo com os elementos orgânicos? Conservamos durante anos sementes de plantas e animais, que se desenvolvem somente a uma temperatura determinada e em um meio propício; vimos grãos de trigo germinarem depois de vários séculos.
Há, portanto, nessas sementes, um princípio latente na vitalidade, que só espera uma circunstância favorável para desenvolver-se. O que se passa diariamente diante dos nossos olhos não pode ter ocorrido desde a origem do globo? Por ter surgido do caos, pela própria força da Natureza de Deus? Longe disso, ela corresponde melhor à ideia que fazíamos do poder exercido por Deus sobre os mundos infinitos através das leis eternas. É verdade que essa teoria não resolve a questão da origem dos elementos vitais; mas Deus tem seus mistérios e estabeleceu limites às nossas investigações.

A VIDA E A MORTE

Com as morte do ser orgânico, os elementos  que o formavam submetem-se a novas combinações, constituindo novos seres. Estes retiram da fonte universal o princípio da vida e da atividade, absorvendo-o e assimilando-o para devolvê-lo a essa fonte, quando deixarem de existir.
Os órgãos estão, por assim dizer, impregnados de fluído vital. Esse fluído dá a todas as partes do organismo uma atividade que lhes permite uma comunicação mútua, no caso de determinadas lesões, e restabelece funções momentaneamente suspensas. Mas quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos são destruídos, ou profundamente alterados, o fluído vital é incapaz de transmitir-lhes o movimento da vida, e o ser morre.
Os órgãos reagem  mais ou menos necessariamente uns sobre os outros; é da harmonia de seu conjunto que resulta sua ação recíproca. Quando uma causa qualquer destrói essa harmonia, as funções dos órgãos cessam, como o movimento de um mecanismo cujo engrenagens essenciais encontram-se desordenadas. Tal qual um negócio que se gasta com o tempo ou se desmonta por acidente, e que força motriz não tem como pôr em funcionamento.
Num aparelho elétrico, temos uma imagem mais exata da vida e da morte. Como todos os corpos da Natureza, esse aparelho encerra a eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos só se manifestam quando o fluído é posto em atividade por uma causa especial; então se pode dizer que o aparelho está vivo. Ao cessar a causa da atividade, o fenômeno cessa: o aparelho retorna ao estado de inércia. Os corpos orgânicos seriam, assim, uma espécie de pilha ou aparelho elétrico nos quais a atividade do fluído produz o fenômeno da vida: o cessar dessa atividade ocasiona a morte.
A quantidade de fluído vital não é absoluta em todos os seres orgânicos; varia de acordo com as atividades, e não é constante num indivíduo nem em indivíduos da mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados de fluído vital, enquanto os outros o possuem apenas em quantidade suficiente. Eis por que alguns têm uma vida mais ativa, mais tenaz, e de certa forma, superabundante.
A quantidade de fluído vital se esgota, podendo tornar-se insuficiente para a manutenção da vida, se não for renovada para absorção e a assimilação de substâncias que o contêm.
O fluído vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que tem fluído vital a mais pode doar àquele que tem menos e, em certos casos, prolongar uma vida prestes a extinguir-se.